O ensino moderno não cabe mais em uma sala de aula tradicional, como expõe Sergio Bento de Araujo, empresário especialista em educação. As novas gerações aprendem de maneira diferente, valorizam experiências práticas e buscam significado no que estudam, é nesse contexto que surgem os laboratórios de inovação: espaços criativos que unem ciência, arte e tecnologia para transformar o aprendizado em algo vivo, participativo e inspirador.
Os laboratórios de inovação transformam o aprendizado em prática criativa, estimulando curiosidade, trabalho em equipe e pensamento crítico, venha conhecer este espaço e método que vem ganhando espaço dentro da educação.
A implementação dos laboratórios de inovação no Brasil
A ideia dos laboratórios de inovação nas escolas, também conhecidos como laboratórios maker, começou a ganhar força no Brasil a partir de meados da década de 2010, acompanhando uma tendência global voltada à aprendizagem criativa e ao ensino prático. Segundo Sergio Bento de Araujo, especialista em educação e tecnologia, essa abordagem surge como resposta à necessidade de transformar o ambiente escolar em um espaço mais interativo, colaborativo e conectado com o mundo real.
Antes mesmo dessa expansão, o país já contava com experiências de inclusão tecnológica, como os laboratórios de informática do programa ProInfo, criado pelo governo federal em 1997. No entanto, foi a partir da segunda metade dos anos 2010 que o conceito de maker education, o aprender fazendo, começou a se consolidar no contexto educacional brasileiro. Essa mudança marca a transição do simples uso de computadores para a integração de tecnologias, criatividade e experimentação prática dentro das escolas.
Primeiras iniciativas e expansão recente
Os primeiros projetos estruturados de laboratórios maker surgiram em redes estaduais e municipais com o apoio de universidades e programas de inovação tecnológica. Um exemplo foi o projeto “Espaços Maker IoT”, iniciado em São Paulo em 2020, que implantou cinco laboratórios-piloto em escolas públicas voltados ao ensino de Internet das Coisas (IoT) e programação. Desde então, diversas redes de ensino vêm ampliando a iniciativa, levando o modelo para diferentes regiões do país.
Em 2024, o Programa Mais Ciência na Escola, do governo federal, anunciou um investimento de R$ 100 milhões para expandir laboratórios de inovação e maker spaces em escolas públicas da educação básica. Estados como Santa Catarina, Bahia, Maranhão e Ceará estão entre os que mais avançaram na implantação desses espaços. Em Santa Catarina, por exemplo, o governo estadual anunciou a criação de 500 laboratórios maker, com 275 unidades já em implantação. Em Salvador, foram confirmados 180 laboratórios em escolas da rede pública, enquanto no Maranhão um projeto do CNPq prevê a implantação de 30 espaços voltados ao ensino científico e tecnológico.
A presença dos laboratórios nas escolas brasileiras hoje
Embora ainda não exista um levantamento nacional consolidado, estima-se que milhares de escolas brasileiras já contem com algum tipo de laboratório de inovação, seja em formato completo (maker spaces com impressoras 3D e kits de robótica) ou em versões modulares e adaptadas à infraestrutura local. Em cidades como Fortaleza, o programa TechEduca já levou 251 salas de inovação educacional para escolas municipais, equipadas com recursos de robótica, eletrônica e programação.
A rápida expansão desses espaços reflete uma mudança estrutural na educação: a escola deixa de ser apenas transmissora de conteúdo e passa a atuar como centro de criação, experimentação e desenvolvimento de competências do século XXI. Essa transformação depende não apenas de investimento em equipamentos, mas também de formação docente, conectividade e políticas públicas integradas que garantam acesso equitativo à tecnologia, explica o empresário.
Aprender fazendo: a base da metodologia “mão na massa”
A essência dos laboratórios de inovação é o aprendizado por meio da experimentação. Ao “aprender fazendo”, o estudante desenvolve não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades socioemocionais como persistência, trabalho em equipe e pensamento criativo. Como elucida Sergio Bento de Araujo, essa abordagem prepara os jovens para o mundo contemporâneo, em que as soluções mais valiosas nascem da prática, da curiosidade e da capacidade de testar ideias sem medo.
Junto a isso, o formato mão na massa desperta o interesse de alunos que, muitas vezes, não se engajam com o ensino tradicional. Ver um projeto sair do papel e ganhar forma desperta o senso de propósito e mostra que o aprendizado pode, e deve, ser prazeroso.
Tecnologia e propósito caminhando juntos
Os laboratórios de inovação são ambientes onde tecnologia e propósito se unem. Impressoras 3D, kits de robótica, sensores e softwares de programação são ferramentas poderosas quando usadas com objetivos claros e humanizados. Como aponta o empresário Sergio Bento de Araujo, a verdadeira inovação na educação não está apenas na tecnologia em si, mas no modo como ela é aplicada para resolver problemas reais e melhorar a vida das pessoas.
Por isso, muitos desses laboratórios desenvolvem projetos voltados à sustentabilidade, à acessibilidade e ao impacto social, desde a criação de dispositivos para economia de energia até soluções para comunidades locais. Assim, o aprendizado se conecta diretamente ao mundo, tornando-se mais significativo e transformador.

O professor deixa de ser o detentor do conhecimento e passa a atuar como facilitador, orientando os alunos na exploração de ideias e no uso das ferramentas disponíveis, esse novo perfil docente é essencial para o sucesso da educação inovadora. O professor se torna um mentor, incentivando a autonomia e o pensamento crítico, e ajudando cada aluno a transformar curiosidade em criação.
Para isso, é fundamental investir em formação continuada, para que os educadores conheçam novas metodologias e se sintam confortáveis em ambientes tecnológicos, ressalta o empresário.
Resultados que vão além da sala de aula
Os impactos dos laboratórios de inovação são amplos. As escolas que adotam essa abordagem relatam aumento no engajamento dos alunos, melhora no desempenho acadêmico e maior interesse pelas áreas de ciência e tecnologia. Sergio Bento de Araujo comenta que esses espaços ensinam muito mais do que conteúdos curriculares: eles desenvolvem mentalidades empreendedoras e despertam nos jovens o desejo de criar soluções para o mundo, fortalecendo a cultura da colaboração. Trabalhar em grupo, ouvir ideias diferentes e respeitar o processo coletivo são competências indispensáveis na vida profissional e social.
Os laboratórios de inovação representam o futuro da educação: um espaço onde aprender é sinônimo de experimentar, errar, reinventar e construir juntos. Eles mostram que a escola pode, e deve, ser um lugar de descobertas, não apenas de transmissão de conteúdo, pois formar alunos criativos é formar solucionadores de problemas, cidadãos capazes de transformar o conhecimento em impacto positivo.
Um movimento em crescimento: o futuro da escola é criativo e colaborativo
A inovação educacional começa quando a curiosidade é valorizada e o aprendizado ganha propósito. E, nesse caminho, os laboratórios de inovação são muito mais que salas equipadas: são sementes do futuro, onde o conhecimento se torna ação e o aprendizado se transforma em vida.
Apesar das diferenças regionais, o movimento maker na educação brasileira é irreversível. Estados e municípios têm mostrado que, com criatividade e planejamento, é possível transformar a aprendizagem por meio da experimentação e da tecnologia, representando uma nova etapa da educação nacional, uma etapa que valoriza a curiosidade, o protagonismo e o pensamento crítico dos estudantes.
A expectativa é que, nos próximos anos, a implementação desses espaços se torne parte do padrão das escolas públicas e privadas. Mais do que modismo tecnológico, os laboratórios maker simbolizam um novo paradigma de ensino, onde o aluno aprende criando, testa hipóteses e desenvolve soluções para desafios reais, como frisa Sergio Bento de Araujo.
Autor: Bertran Sacrablade