No último dia 11 de março de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão importante sobre o foro por prerrogativa de função, informa o Dr. Christian Zini Amorim. Por uma maioria de 7 votos a 4, a Corte fixou a tese de que o foro privilegiado, que garante o julgamento de certos crimes por tribunais superiores, deve ser mantido mesmo após o afastamento do cargo, desde que o crime tenha ocorrido no exercício do cargo e em razão das funções desempenhadas.
Essa nova decisão altera a jurisprudência anterior, que já havia restringido o foro privilegiado. Neste artigo, vamos explorar o impacto dessa nova regra e o que ela significa para as autoridades públicas no Brasil.
A nova decisão do STF sobre o foro privilegiado: o que muda para os ex-mandatários?
Com a nova decisão do STF, a prerrogativa de foro para julgamento de crimes cometidos no cargo não se extingue com o término do mandato ou afastamento do cargo público. Em vez disso, a competência para o julgamento desses crimes permanece com os tribunais superiores, como o STF, mesmo que o processo seja iniciado após o término do mandato. Essa mudança vem em contraste com a jurisprudência anterior de 2018, que determinava que os processos contra autoridades, deveriam ser encaminhados à primeira instância.

De acordo com o advogado especialista, Christian Zini Amorim, a nova tese de 2025 reforça que a natureza do crime praticado, e sua relação com o cargo, deve ser o fator determinante para a definição da competência do julgamento, não o tempo de exercício do mandato. Isso implica que um ex-mandatário, como um presidente ou parlamentar, poderá ser julgado pelos tribunais superiores, garantindo que o julgamento seja feito de maneira mais imparcial e sem riscos de influências externas.
Como a nova decisão do STF impacta as autoridades com foro privilegiado no Brasil?
A mudança no entendimento do STF afeta diretamente as autoridades públicas que gozam do foro privilegiado no Brasil, explica o Dr. Christian Zini Amorim. Entre essas autoridades, estão o Presidente e Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado, os Deputados, Senadores, entre outros. Consoante a nova decisão, essas figuras públicas não perderão o foro privilegiado caso se afastem de seus cargos, garantindo que crimes cometidos durante o exercício de suas funções sejam julgados por tribunais superiores.
Esse entendimento visa garantir que as autoridades não sejam expostas a pressões políticas ou influências locais que poderiam ocorrer se seus processos fossem enviados para a primeira instância. Ao manter o julgamento em tribunais superiores, a decisão busca preservar a integridade e a imparcialidade do processo judicial, especialmente quando se trata de figuras públicas de grande relevância política e institucional.
Como a nova tese do STF sobre o foro privilegiado afeta a justiça no Brasil?
A nova tese sobre o foro privilegiado tem implicações significativas no sistema judiciário do Brasil, como enfatiza Christian Zini Amorim. Um dos impactos mais importantes é a continuidade do julgamento de crimes cometidos no cargo, mesmo após o afastamento do agente público. Isso significa que os tribunais superiores continuarão com a competência para esses processos, evitando possíveis manipulações ou pressões locais. A decisão também traz estabilidade ao sistema judicial, já que os processos não serão interrompidos.
Por outro lado, a decisão pode gerar novas discussões sobre o papel do foro privilegiado e suas possíveis distorções no sistema judiciário. Críticos apontam que a medida pode aumentar a sensação de impunidade entre figuras públicas, pois, mesmo após o fim do mandato, essas autoridades continuam a ser julgadas por tribunais superiores. Além disso, o entendimento pode gerar uma nova onda de questionamentos sobre a necessidade de mudanças mais amplas no uso do foro privilegiado no Brasil.
Conclui-se que a nova decisão do STF sobre o foro por prerrogativa de função reflete uma mudança importante na forma como os crimes cometidos por autoridades públicas serão julgados no Brasil. Para o doutor Christian Zini Amorim, embora a medida busque garantir imparcialidade e evitar pressões externas, ela também levanta questões sobre a aplicação do foro privilegiado no Brasil, podendo aumentar o debate sobre a equidade do sistema judiciário.
Autor: Bertran Sacrablade
Fonte: Assessoria de Comunicação da Saftec Digital